Você sabe melhor do que eu que na construção civil não dá pra brincar quando o assunto é controle. Num piscar de olhos as coisas podem ficar bem complicadas: orçamentos extrapolados, desperdícios de materiais, prazos perdidos… a lista de itens sensíveis só aumenta.
E não é só o canteiro de obras que precisa de atenção. As questões do escritório também são passíveis de irregularidades e multas. São temas delicados: as questões relacionadas à segurança do trabalho, a responsabilidade solidária com terceirizados e subcontratados e todo o controle de atividades do backoffice da construtora.
Pensando neste cenário desafiador, com pouquíssima margem para erros, como fazer uma gestão eficiente de obras? A resposta pode estar justamente na transformação digital dos processos na construção civil.
O que se espera da modernização do setor civil é que as inovações transcendam os resultados trazidos por uma digitalização superficial dos processos que já existem. Transformar é também criar novas possibilidades.
Voltando à pesquisa da International Data Corporation, há mais dados que nos ajudam a compreender o cenário e os desafios. Entre eles, os 5 impeditivos digitais que mais atrapalham a transformação digital na construção civil, segundo os participantes, em ordem de importância:
- 1- Planejar o melhor roteiro de investimentos digitais (46%);
- 2- Tornar as iniciativas escaláveis a partir da reestruturação dos negócios (42%);
- 3- Determinar as melhores métricas e KPis (37%);
- 4- Desenvolver expertise digital (36%);
- 5- Incorporar estrutura digital em toda a empresa (29%).
A pesquisa foi feita com diversos países, mas há um trecho destacando os desafios no Brasil:
“O crescimento da indústria da construção civil no Brasil é liderado por parcerias público-privadas. Há uma diminuição do financiamento para projetos de infraestrutura, mas alterações nos regulatórios foram introduzidas para atrair investimentos do setor privado. Sobre adoção de tecnologias, o Brasil fica atrás no uso de recursos mais recentes, principalmente big data, inteligência artificial e modelagem 3D, mas há um movimento em direção às normas internacionais de construção. A adoção do BIM (Modelo da Informação da Construção) será obrigatória até 2021.”
É preciso levar em consideração também que as instabilidades políticas e econômicas do Brasil afetaram de forma agressiva o setor. Recentemente a FGV divulgou uma projeção de crescimento de apenas 2% para 2022, o que representa uma desaceleração em relação aos anos anteriores.
Neste cenário, podemos olhar de duas formas, a primeira é que as empresas tendem a evitar iniciativas que dependam de investimentos neste momento. A segunda é que tais investimentos podem representar um diferencial competitivo sem precedentes.
Cada um terá a liberdade de fazer suas escolhas dentro de suas possibilidades, mas é fato também que, cedo ou tarde, todas as empresas terão que se transformar digitalmente. E isso se aplica ao Brasil e ao mundo. Deixar para depois, pode atrasar o seu negócio nessa corrida.